quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Ser Corredor de Rua em Fortaleza



Ser corredor de rua em Fortaleza talvez não seja muito diferente de ser corredor de rua em qualquer grande cidade  do Brasil.

É verdade que em Fortaleza não temos espaços tão bons para os treinos como parques e ciclovias que existem em Brasília, Rio de Janeiro ou São Paulo.

Mas temos algumas ciclovias e as ruas. Muitas ruas. Afinal, corredor é para correr nas ruas. 

Ser corredor de rua em Fortaleza é saber conviver com o calor durante TODO o ano. É ter por acompanhante de treino sempre um sol para cada um, mesmo quando se corre "de ruma".

Esse sol constante tem o lado bom, pois como costumeiramente só chove no máximo uns 10 dias durante  o ano, nós temos os outros 355 dias para correr sequinhos. Isso para os que não gostam de correr na chuva, claro. Uma bênção para, como diz uma amiga, os que são feitos de açúcar (como eu!).

Ser corredor de rua em Fortaleza é ter várias provas durante o ano. Mas provas curtas, de 5 e 10 km. Uma única meia maratona e agora, felizmente, provas mais longas organizadas pelos próprios corredores, como o Desafio das Pontes, com seus 25 km.

Isso também tem seu lado bom porque nos “obriga” a viajar em busca de corridas mais longas, o que  só reforça a fama de sermos cidadãos do mundo e de que em todo lugar do planeta com certeza existe  um cearense. E nas corridas nesse mundão afora, somos muitos!!!!

Ser corredor de rua em Fortaleza é literalmente derreter durante o treino. É ter que torcer a camiseta depois de correr num dia quente (quase todos) para não chegar em casa pingando tanto e molhando tudo  por onde passar.

É fazer uma prova em outra cidade, com temperatura média de 24ºC, e ficar admirado de ter tanta gente precisando ser socorrida pelas ambulâncias por ter passado mal com o calor, enquanto nós, os cearenses,  estamos achando o clima “quase” frio.

Ser corredor de rua em Fortaleza é poder incluir na planilha treinos em  areia, e, o que é melhor, areia da praia, com o mar como visual.

É usar gel nos treinos longos mas também não dispensar uma rapadura e, no final, refrescar-se com uma água de coco e comer tapioca para repor as energias.

Ser corredor de rua em Fortaleza é ouvir um “ó o mêi” dos ciclistas quando o treino é feito nas ciclovias e um “oi” de um ou outro corredor, onde quer que você esteja treinando na cidade.

Afinal, Fortaleza é grande, mas é um ovo e em Fortaleza a gente não corre, “faz carreira”.

E, como diria Euclides da Cunha " o (corredor)  nordestino é, antes de tudo, um forte".

Para ilustrar o post eu poderia escolher muitos corredores cearenses "cabras da peste", assim como as "mulheres guerreiras" mas escolhi esses dois cearenses conhecidos no nosso meio (o cangaceiro do Iguatu, que corre a caráter e o índio Tabajara de Monsenhor Tabosa, correndo sempre descalço) que creio representam muito bem a raça do nosso povo