sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Viagens I


"A verdadeira arte de viajar...
A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando! "


Assim como o esporte, as viagens entraram na minha vida muito cedo. Nesse caso foi questão de DNA.
O espírito viajante e aventureiro dos meus pais é considerado pra mim uma maravilhosa herança.
Já pequena, saíamos eu, meus pais e 2 irmãos (o 3º ainda não havia nascido) pra viagens pelo interior do Ceará, por fazendas de amigos, sítios e, principalmente, pra Camocim (cidade natal de meu pai), onde costumávamos ir nas férias e nos carnavais.
Ainda na infância, e com a chegada do caçula, meu pai fez valer de seu espírito aventureiro e destemido e, surpreendendo muitas pessoas, largou emprego seguro em Fortaleza se mandando pra França, onde conseguiu uma bolsa para fazer estudos de especialização em sua área – Hemoterapia. Foi na frente e minha mãe, grande companheira de todas as horas e igualmente louca pra segui-lo em seus sonhos e aventuras, ficou em Fortaleza com nós 4, esperando o final do ano letivo, quando finalmente partimos pra cidade de Montpellier, no sul da França, para passarmos uma inesquecível experiência de 10 meses. 


 
Nossa chegada na França - 1976 
"Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando"

Corro, acima de tudo, porque gosto....

Texto da Fernanda Youg

“Corro porque sou kantiana. Não sigo os instintos da minha natureza, mas, sim, torno-me aquilo que não sou por uma razão maior. Procuro sempre dominar minhas deficiências, sendo a preguiça a maior delas. Poderia estar perfeitamente preguiçosa, mas não estou.

Outra ressalva, em minha alma, é que ela é triste. Só que não posso estar triste, pois devo, à minha obra, maior discernimento e, às minhas filhas, a força para criá-las fortes. Então também corro porque o contrário disso seria chorar, reclamar sem nada fazer e fumar mil cigarros. Dizem que quem tem a lua em Peixes, no zodíaco, como eu, tem tendência aos vícios. Corro, portanto, dessa queda para a autodestruição, pois não existe melhor química contra depressão do que a endorfina.

Correr, assim, é meu remédio. A minha meditação. Correndo sozinha, estou em minha melhor companhia. Faz mais de dez anos que sigo fiel a essa saudável rotina. Já adquiri até uma sesamoidite crônica, mas tenho um bom médico de pés, e palmilhas especiais.

Dizem, os invejosos, que correr envelhece. Bom, o tempo envelhece. E eu prefiro enfrentá-lo na minha melhor forma. Nunca tendo sido gostosa, correndo, jamais ficarei caída.

Há os que garantem que correr é um modismo urbano. Não sinto dessa maneira, ou jamais teria me tornado adepta. Sou avessa a coisas “in”. E, como também não sou dada a coletividades, sequer costumo correr em grupo. Mesmo nas corridas dos circuitos, das quais eventualmente participo, quando não estou sozinha, estou com um amigo silencioso.

Corro, acima de tudo, porque gosto. Às vezes, chego quase a chorar, tamanha a emoção. A sensação é de que estou deixando o que fui – meu passado é um resíduo que defendo, mas não carrego – para trás; e meu corpo agradece, renovado. Todos os músculos bem preparados para minha defesa, ou daqueles que de mim precisarem.

Sim, corro porque posso. Agradeço aos bons joelhos que possuo, que me sustentam sem reclamar. Claro, tenho métodos, tenho cuidados, tenho as minhas trilhas prediletas. Dou o melhor de mim nesse projeto, pois dependo dele para viver. Porque corro, não fumo mais. Porque corro, alimento-me melhor. Porque corro, não perco as sextas na biritagem – adoro correr aos sábados.

Concluindo, corro para não preencher perfis óbvios. Pois correr, no meu caso, é praticamente uma contradição. Porém insisto nisso, encarando como uma manifestação política, talvez mais significativa que votar. Corro, por causa disso, com toda a elegância e humildade. Aprendendo a cuidar bem desse corpo que Deus habita.

Por fim, eu corro porque acho bonito gente correndo, e quero que as minhas filhas vejam que todos somos capazes de mudar. E porque não suporto fazer regimes – é isso: corro porque adoro comer pizza à noite.”
(Fernanda Young)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Corridas II

Quando, já casada e com filhos mudei de bairro e fiquei longe da piscina do Ideal Clube, restou-me a caminhada e a bicicleta pela Av. Washington Soares. Nem passava pela minha cabeça correr. Não gostava ao ponto de ter na lembrança quando, nos treinos de natação o técnico mandava todos aquecerem com uma corridinha, eu me escondia e dava um jeito de não participar.
Pois bem, o ano foi 2004.
Sempre achei o triathlon  muito bonito devido a exigência de 3 esportes.
Um amigo me chamou pra assistir uma prova de triathlon. Fui, achei lindo, desafiador e decidi praticá-lo. Já nadava e pedalava. Faltava correr. Encontrei uma planilha na internet bem básica e comecei como todos os iniciantes: corre um pouquinho, caminha outro, corre, caminha e vai tirando as caminhadas e aumentando as corridas. Segui direitinho a planilha. E não é que consegui correr?
Logo, logo estava na largada pra minha 1a. prova: 10Km, uma prova da ACAV, pros lados da Av Perimetral. A ansiedade, tensão, nervosismo foram muito grandes! Terminei minha prova com o rosto vermelho e feliz de ter conseguido. Guardo a medalha com muito carinho.
Depois foi a hora de juntar os 3 esportes e participar dos triathlons e duathlons. Fiz alguns, sendo o mais longo e mais sofrido, o que fiz na cidade de Quixeramobim-CE em novembro de 2007. Era um Sprint (750m natação/20km de bicicleta/5km de corrida) e foi sofrido tanto pelas distâncias, que nunca tinha enfrentado, pelo calor escaldante da cidade e também porque eu estava passando por problemas pessoais sérios, com o fim de um casamento de muitos anos. Mas nada melhor do que um desafio pra gente sacudir a poeira e levantar o astral.


                                                            Primeiras provas de triatlhon


Corridas I

Alguns me perguntam: Lia, como você começou a correr?
Bem, a corrida, especificamente, entrou na minha vida há exatos 7 anos, porém, o esporte, creio que desde quando, bem pequena, meus pais me colocaram pra aprender a nadar.
Na minha casa, não tive pais praticantes nem vibradores de esporte. Meu pai foi atleta no tempo de juventude: jogou basquete e fez ginástica olímpica (ou artística) mas na minha época de criança/adolescente, não praticou mais nenhum esporte, só pegando o gosto por musculação e caminhadas bem mais tarde. Minha mãe, lembro dela saindo pra fazer ginástica localizada, mas nada que chamasse minha atenção ou que me estimulasse.
Comecei a nadar na AABB e, aos 8/9 anos, participando de competições, fui chamada para treinar no Náutico. Até tirei boas colocações, fui a um Norte/Nordeste em Salvador-BA, mas por volta dos 13 anos, deixei a natação e fiquei parada

Sendo “medalhada” pela minha mãe

Início


A ideia de um blog falando sobre corrida já havia sido sugerida por alguns amigos e familiares, mas eu sempre resisti ao pensar no tempo que me tomaria.
Minha cunhada então, sugeriu que, além de falar sobre corridas, eu falasse também sobre viagem. Minhas viagens.
Finalmente decidi encarar o desafio e falar sobre duas grandes paixões: corridas e viagens, de preferência as duas coisas juntas. Porém nesse iniciozinho, separadas