sábado, 28 de abril de 2012

Barato do Corredor



Depois de passada a Meia Maratona de Fortaleza, um amigo que fez sua estréia em corridas de rua naquela prova (aliás, fez praticamente sua estréia em corridas, uma vez que só treinava em esteiras e o máximo que tinha feito foram 10km. Louco!), veio me falar o seguinte:
- Lia, eu ia correr só os 10. Aí, na volta dos 10, achei que dava pra fazer mais um pouquinho. Qualquer coisa eu voltaria quando cansasse. Ai, fui indo, fui indo, e quando vi, já estava na volta dos 21. E não é que eu senti “aquela” sensação que os corredores falam?! Senti uma coisa muito boa. Tão boa que fiquei cantando sozinho, na maior animação!
Achei engraçado isso. E lembrei quando, há muito tempo, quando eu ainda tinha uma verdadeira aversão a correr, uma amiga, corredora apaixonada, com os olhos brilhando me falou desse “tal” sentimento. Falou-me de adrenalina, endorfina, serotonina.  E, naquela ocasião, fiquei olhando, ouvindo-a falar e pensando cá comigo “mas que besteirada! Tá viajando...”.
Pois é..... O mundo dá mesmo muitas voltas.
Dessa vez, eu fiquei olhando pro meu amigo e pensando “Ôxe! Só sentiu isso agora? Como é que pode? Eu sinto essa euforia praticamente todos os dias que treino!”

Pra quem não conhece, é o chamado “barato do corredor”. Em inglês, “runner’s righ”.




Comprovado cientificamente, o barato do corredor ocorre com pessoas que fazem atividades aeróbicas de longa duração, como a corrida, natação e ciclismo. Essas atividades alteram a química cerebral e causam euforia no atleta. Muitos têm esse barato durante a atividade física. Outros, após.
Estudos feitos mostraram que o nível de endorfina no sangue do atleta duplica após o exercício.
E afinal de contas o que é essa tal de endorfina? É uma substância produzida pelo cérebro que reduz o estresse e a ansiedade, alivia a tensão, gerando sensação de bem estar e plenitude.
Dito isso, talvez fique mais fácil para as pessoas entenderem porque muitos corredores são considerados viciados (eu!). É.  Vira vício mesmo.
A corrida gera uma sensação tão gostosa, que no meu dia obrigatório de descanso, fico num pé e noutro, louca pra correr, tendo que me esforçar pra ficar parada, sabendo da importância desse dia “off”.

Ano passado fiquei obrigatoriamente de molho pelo período de 1 mês, devido a uma lesão no pé. Ao ir a uma consulta com uma médica que também era corredora, e, ao relatar que estava sem correr, ela foi imediatamente me perguntando “E como está seu humor?”. Achei engraçada a questão. “Essa médica tá adivinhando?” Eu estava péssima. Pra baixo. Sentindo-me depressiva e já estava me preocupando com isso. Então foi com alívio que a escutei dizendo que o que eu estava sentindo era normal, devido à falta da corrida. Sintomas de abstinência. Ai, é?......

Um estudo de uma universidade americana sobre o impacto da privação de exercício no sono, descobriu acidentalmente que o cérebro de corredores funcionava diferente do de sedentários. Como descobriram?
Ao tentarem recrutar pessoas que praticavam atividade física de 5 a 6 vezes por semana para participarem do estudo, com a exigência de ficarem um mês paradas, poucas aceitaram. Mesmo oferecendo dinheiro (eu só iria se a proposta fosse indecente! De grana, claro.).
Os cientistas então conseguiram as cobaias entre os que corriam de três a quatro vezes por semana e estes, privados da atividade física, relataram ansiedade, problemas sexuais e interrupções no sono, quadro que descrevia uma síndrome de abstinência.

É isso aí. Quem é viciado em corrida, como eu, sabe muito bem do que isso se trata.
Quem não é, ainda há tempo. Com 3 meses de corridas (esse é o tempo necessário para engrenar na atividade física e começar o usufruir de seus benefícios) você já pode começar a sentir esse “barato”. O começo é difícil, mas persista, não desista que você consegue e um dia vai surpreender-se sentindo esse “barato”. Tal qual meu amigo Felippe.
E é por isso que eu costumo dizer que quero ficar bem velhinha, correndo sempre, com muita saúde, vivendo “lombrada” de corrida.


Em um "transe"

7 comentários:

Cris Fontenele disse...

Muito Bom Lia! Esta foto com seus filhos nÃo tem preço! bjos
ps: Muito bom a gente sentir este barato!

Wilkie disse...

Mt interessante mesmo!
E "lombrada de corrida" ficou ótimo...

Anônimo disse...

Muito bom, Lia!
Nádia

Felippe disse...

Você só esqueceu de dizer quem eu comecei a cantar... Elymar Santos hahah

Anônimo disse...

Tô imortalizado no teu blog agora. rsrsrs Mas foi bem isso mesmo, mto bom saber que além de trazer beneficio pra saúde, a corrida ainda gera esse prazer.
Felippe

Anônimo disse...

Bom dia. É isso, em alguns momentos da corrida/treino o runners higt me impulsiona, me faz rir sozinha. É extasiante
Magna

Marcos de Aquino disse...

Oi Lia, de fato, concordo com vc. Amei o texto. Então é exatamente assim que me sinto quando passo alguns dias sem correr: "barato do corredor". Valeu!