terça-feira, 7 de maio de 2013

Puerto Natales e Torres Del Paine (TDP)



Estava na hora de deixar a Patagônia Argentina e ir conhecer um pouquinho da Patagônia Chilena, mais precisamente o Parque Nacional Torres Del Paine.





Pegamos então um ônibus para a cidade chilena de Puerto Natales, quase no finzinho do mundo.
São menos de 400km, mas temos que passar pela alfândega e a viagem leva cerca de 5 horas.


 
Guanacos na estrada


Fronteira Argentina/Chile
 
Bem maior do que El Calafate, apesar de ser o principal ponto de entrada dos turistas para Torres del Paine, Puerto Natales não tem o “ar” turístico da cidade argentina. 


Puerto Natales
 
Por indicação do meu irmão fui assistir a uma explicação gratuita  que um americano faz diariamente no Hostel Erratic Rock.
Durante mais de 1 hora ele fala sobre o parque, as trilhas, os cuidados que devemos ter, as roupas que devemos usar, a comida, o clima patagônico, etc, etc e concluí que estávamos 99,9% despreparados para aquela aventura.
As pessoas ao meu redor, de várias nacionalidades, aparentavam ser “habitués” nas trilhas e caminhadas, iriam inclusive acampar, enquanto que eu só tinha feito a trilha da Pedra Rajada em Maranguape, usando tênis e shorts e ainda assim há uns bons anos....
Não nego que deu um medinho e até passou pela cabeça a ideia de desistir. Mas claro que não faria isso.
A explicação vale muito à pena, mas infelizmente ela só é feita em inglês.

Vamos em frente. Nós não iríamos acampar nem nada.... Menos mal.
Seguimos então para fazer a reserva do refúgio (tipo um alojamento), comprar biscoitos e lanches para serem consumidos nas trilhas, fechar o transporte para o dia seguinte e pronto. Seja o que Deus quiser.

O Parque Nacional Torres Del Paine foi declarado pela Unesco Reserva Mundial da Biosfera. 
Possui 2.400 km² com lagos, glaciares, rios e cascatas.

Existem percursos que podem ser feitos de carro, mas as trilhas são extremamente movimentadas e famosas.
Quando estava nas minhas pesquisas para a viagem, vi em um site que TDP é considerada a Disneylândia dos trilheiros e amantes da natureza.
 
São 120km de trilhas muito bem sinalizadas e os percursos mais populares são o “W”, que pode ser feito em 3 ou 4 dias e o “circuito” que é bem mais longo e demora uns 7 a 8 dias para ser percorrido.

O ônibus passou no nosso hotel às 7:30 da manhã  e depois de passar pelos outros hotéis, fazer uma paradinha básica na estrada, parar no parque para nos registrar e pagar a entrada, finalmente nos deixou às margens do Lago Pehoé de onde, ao meio dia, pegamos o catamarã, que em 30 minutos nos deixou no Refúgio Paine Grande, nossa base pelos próximos 2 dias.
Desse local temos uma bela visão das torres. Justamente as que dão o nome ao parque.
Infelizmente nesse dia elas estavam com seus cumes encobertos por nuvens.


As torres encobertas pelas nuvens

Muitas pessoas já ficam ali, pegam vans e seguem para a base das torres. De lá começam a trilha em "W".
Nós também faríamos o "W", quer dizer, duas "pernas" dele, mas começando pelo lado oposto.









Pelo que pude perceber, a grande maioria das pessoas faz as trilhas acampando. Para isso, existem os locais próprios para acampamento. 

Para os que preferem um pouco mais de conforto, existem os refúgios que são alojamentos com quartos  e banheiros comuns.
Existem hotéis no parque, mas não dentro das trilhas principais.

O Refúgio Paine Grande foi uma surpresa pra mim. Achei bem melhor do que imaginava. Tudo muito limpo, quarto com 6 camas (beliches), cobertores, toalhas, sabonete, banheiros masculinos e femininos com boxes com banho quente, um pequeno mercadinho e um refeitório onde são servidos o café da manhã, almoço e jantar, além de um bar.
Isso sem contar que fica num local extremamente belo, às margens do Lago Pehoé, de um azul hipnotizante.


Refúgio Paine Grande e o Lago



Nosso quarto



Visão do nosso quarto

Como estávamos no começo da baixa temporada, tivemos sorte, pois a movimentação nas trilhas já era pequena, inclusive com alguns refúgios e áreas de camping já fechados e, por causa disso, ficamos sozinhos no quarto na primeira noite. Na segunda, o quarto foi dividido com uma jovem chilena e duas americanas.

Aliás, a idade média das pessoas nas trilhas calculei em uns 30 anos. São muitos jovens de várias nacionalidades (só encontrei duas brasileiras), com seus mochilões e todos os acessórios possíveis e imaginários para caminhadas e acampamentos.
São pessoas que rodam o mundo para fazer trilhas e têm isso por esporte. Eu estava ali para conhecer o lugar. Eles também tinham o mesmo objetivo, acrescentado do trekking em si.
Assim como corro por prazer, eles faziam aquelas trilhas por prazer.

Pois bem. Deixamos nossas coisas no quarto e partimos para nossa primeira trilha: o Glaciar Grey.

Comecei a caminhada  com casacos, luvas, mas rapidamente me desfiz de tudo porque, felizmente o dia estava lindo e quente.
Claro que quando parava para tirar fotos ou simplesmente apreciar a paisagem, o vento frio batia e me obrigava a continuar caminhando.
A trilha do Glaciar Grey é tida como “dificuldade média”. São 11km  para o glaciar, que levariam 3,5h de caminhada. Eles fazem esse cálculo de tempo baseado nas pessoas "comuns" e é impressionante como é exato.


Sofrendo um pouquinho nas trilhas





Lagoa Los Patos




Detalhes pelo caminho

Com 2 horas de caminhada por uma trilha estreita, com subidas, descidas, pedras, a bonita Lagoa dos Patos no meio, finalmente chegamos ao Lago Grey.
Uma vista lindíssima de onde já dava pra ver o glaciar. 


Lago Grey e o Glaciar






Paramos, tiramos fotos e admiramos toda aquela maravilha. A vontade era ficar até os olhos cansarem, mas o vento frio nos forçou a continuar.


Sede? Água mineral geladinha in natura

Ainda caminhamos mais 50 minutos mas decidimos dar meia volta antes de chegarmos ao glaciar, pois teríamos que fazer todo o percurso de volta.


Lago Pehoé

Decisão acertada. Um casal que foi até o final só chegou de volta ao refúgio já à noite.

Cheguei exausta! 
Foram ao todo 5:30h caminhando.  Muito mais cansativo que correr....

O jantar do alojamento foi muitíssimo bem vindo.


Repor as energias

Aquele meu primeiro dia de trilha foi especial não somente por estar em meio àquela natureza linda de morrer, mas também por ser meu aniversário.
E com certeza não poderia existir outro lugar no mundo tão especial para eu estar.



Brinde especial

Mas a comemoração não pode estender-se, pois precisávamos dormir para enfrentarmos o nosso 2o dia de trilha.


Regra não estabelecida, mas cumprida por todos no final da noite no refúgio: sapatos nos corredores

2 comentários:

Wilkie Martins disse...

Me sinto suspeito pra comentar, mas não resistí: perfeito, Lia, viajei outra vez...

Marcelo disse...

Mais cansativo do que correr? Nos temos mesmo estruturas físicas diferentes minha irmã. Nao fui ao lago Gray, mas as fotos estão belíssimas.