segunda-feira, 11 de junho de 2012

Cusco (ou Cuzco) e Machu Picchu



Quando se fala em Peru, fala-se sempre em Machu Picchu. Aliás, fala-se primeiro em Machu Picchu pra depois falar em Peru.
Muito já se escreveu sobre a capital inca – Cusco – e a “cidade perdida dos incas” Machu Picchu. Sobre esses escritos eu geralmente não me interessava pois achava impossível um dia conhecer esses dois lugares.  Ouvia e lia tantos relatos sobre enjôos, dores de cabeça, falta de ar e outros “passamentos” por causa da altitude do local (3440), que nunca me interessei. Sou mole demais pra viajar e ficar passando mal!
Mas ano passado passei por um teste de fogo na Bolívia, onde cheguei a 5000 metros de altitude e fiquei segura pra encarar o tão famoso Machu Picchu. E meu plano era encarar em grande estilo: fazendo a caminhada de 4 dias/3 noites pelo caminho inca. Caminhando de dia e dormindo em barracas à noite, por 42km.
Lamentavelmente esse plano inicial não foi possível, pois o governo peruano limita a 400 pessoas/dia no caminho e quando fui comprar minha trilha, esse limite já estava esgotado.
Mas tudo bem. Iria de trem mesmo.

De Lima pra Cusco (1100km) fomos de avião (http://www.taca.com), num vôo tranqüilo de 1 hora de duração.
Um pouquinho mais experiente, ainda dentro do avião tomei um comprimido pra dor de cabeça (e continuei tomando nos próximos 3 dias a qualquer sinal de peso na cabeça) e a altitude passou praticamente despercebida.


Chegada em Cusco e recepção com chá de coca

Apesar do vai e vem de turistas que deixa Cusco uma verdadeira Torre de Babel e faz com que seja impossível tirar uma foto sem alguém nela que não seja você mesmo, Cusco é uma beleza de cidade. Daquelas que dá vontade de perder-se pelas ruas e passar o dia e entrar pela noite “batendo perna”. Pena que não tive tempo pra isso pois meus dias foram todos ocupados com passeios e, logo depois de comprar nosso primeiro passeio, fomos almoçar.


Praça de Armas em Cusco
Em Cusco tem restaurante de todo preço e de todo gosto. Claro que procuramos um típico e logo fui apresentada ao “cuy”. Cuy é um roedor (tipo preá) e muito comido (no bom sentido). Brinquei com a peruana que me indicou pra comer o “cuy assado” e, depois que “caiu a ficha”, ela ficou às gargalhadas.


O Cuy e a Cusqueña
O 1º.passeio foi o City Tour, que é de uma tarde. Começa pela visita a SACSAYHUAMAN (fortaleza inca), passa por QORICANCHA (o centro religioso dos incas), PUCA PUCARA e TAMBOMACHAY (sítios arqueológicos). É um passeio legal, começa-se a ter uma visão do Império Inca, com suas construções, religião, modo de vida, mas hoje, se eu tivesse somente os poucos dias que passei em Cusco, teria preferido gastar essa tarde de “bobeira” pela cidade. Só passeando sem compromisso e curtindo.


SACSAYHUAMAN 
No final do city tour, meio que pra “aproveitar porque tá incluído no ingresso”, fomos ao teatro ver as danças peruanas e ainda bem que fomos! Danças de várias regiões do Peru foram apresentadas por bailarinos competentes e com excelente figurino. Valeu demais.





O 2º passeio foi o Vale Sagrado. Esse é imperdível. Além dos sítios arqueológicos, a paisagem é lindíssima. Por vários trechos acompanhamos de cima o Vale Sagrado dos incas com o rio Urubamba serpenteando lá embaixo.


Vale Sagrado
Esse tour sai às 9 horas da manhã em direção à PISAC, com seus terraços agrícolas (plantios feitos em degraus formados nas costas das montanhas).


Mercado em Pisac

Terraços Agrícolas em Pisac

Depois é a vez de conhecer OLLANTAYTAMBO (60km de Cusco), a cidade-alojamento dos incas. Um impressionante sítio arqueológico que nos faz dar um duro danado para conhecê-lo, pois tem uma subida com “somente” 240 degraus. Nessas horas, a vontade de ficar quieta observando embaixo era grande. Mas aí eu buscava estímulo e coragem olhando pras várias cabeças branquinhas que encaravam na boa a altitude e as subidas. E Ollantaytambo vale a pena. É muito bonito. Depois de Machu Picchu, pra mim foi o sítio mais bonito. Impressionante imaginar como aquele povo transportava aquelas pedras enormes, de várias toneladas, por vários quilômetros e as colocava ali, tudo tão polidinho, tão certinho, sem nenhuma tecnologia.


OLLANTAYTAMBO 

Os 240 degraus e a fila de "formiguinhas"
Por fim, no final da tarde, paramos em Chinchero para apreciarmos a pequena capela da cidade, toda pintada à mão, comprar mais artesanatos no mercado local e apreciar o por do sol.


Pôr do Sol em Chinchero
O 3º. passeio, claro! Machu Picchu. A estrela da região e do mundo.
A história de Machu Picchu resumidamente é a seguinte: viviam lá em torno de 500 pessoas. Por volta de 1533, já sabendo da destruição que os espanhóis estavam fazendo com seu povo, os incas resolveram abandonar a cidade, saindo antes que os invasores chegassem. Levaram seus ídolos, suas pratas, seus ouros e tentaram salvar suas vidas. Pra evitar que os espanhóis destruíssem o local, bloquearam as estradas e encobriram seu acesso, que por si só já é dificílimo. Alguns espanhóis danados ainda chegaram à cidade, mas ela permaneceu praticamente 100% protegida pelas árvores e plantas que cresceram e a encobriram por quase 400 anos, quando o americano  Hiram Binghan  finalmente a descobriu e a revelou para o mundo.
E revelou bem revelado porque o mundo inteiro está por lá agora!
O trem que nos leva a MP é da Peru Rail (http://www.perurail.com) e tem vários tipos de vagões, do mais simples ao mais luxuoso (e caro!) onde servem até champagne.



No interior do trem

Lanchinho
A viagem dura 3 horas. O trem é lento, mas a paisagem é muito bonita. É mata, é montanha, é rio. Bonito de se ver.




Olhaí! Uma corredora em plenas montanhas incas! Esse treino deve ter sido incrível.


Depois de 3 horas chegamos à cidade de Águas Calientes de onde imediatamente pegamos os ônibus para seguir pro destino final. E Machu Picchu nos recepcionou com a única chuva que caiu durante todo a viagem! Ainda começamos o tour debaixo de chuva, que felizmente parou depois de um tempo e nos deixou apreciar a “cidade perdida”.
A cidade é uma das 7 maravilhas do mundo moderno e vale o título. Muito legal, muito interessante. Mas o que me chamou mais a atenção foi o local. Que lugar lindo! Em cima de uma montanha com uma bela visão de outras montanhas que a cercam e o rio Urubamba abaixo. Fiquei me imaginando morando ali e tendo aquela paisagem 24 horas por dia. Esses incas sabiam escolher o local de morar!





Depois da visita, pegamos novamente o ônibus e descemos pra Águas Calientes  que é uma cidade bonitinha, totalmente voltada para receber os viajantes que irão a MP. Famosa também pelas suas piscinas termais as quais não conheci porque para chegar até lá, tínhamos que subir uma ladeira “só” por uns 15 minutos (segundo informação de uma nativa) e a essa hora, naquela altitude, eu queria tudo, menos subir ladeira!


Águas Calientes


Voltando a Cusco, a “Plaza de Armas” da cidade, do modo como existe em quase todas as cidades sul americanas colonizadas por espanhóis, com a igreja, a prefeitura e alguns prédios importantes, foi a mais bonita que vi nessas minhas andanças.


Plaza de Armas com a Catedral à esquerda e a Igreja dos Jesuítas à frente
A catedral de um lado e do outro a igreja dos jesuítas, batendo-se em beleza e imponência com seus tijolinhos amarronzados, são de emocionar.
Onde os espanhóis chegavam eles destruíam tudo, a começar pelos templos religiosos dos incas e em cima deles, construíam sua igreja católica, com certeza pra mostrar com quem estava o poder e a razão. No caso de Cusco, pelo menos o que eles construíram em cima é de uma grande beleza.


Catedral de Cusco
A catedral é imponente. Um Cristo negro no seu interior e vários trabalhos nas capelas laterais chamam atenção. 

O Cristo Negro no interior da Catedral de Cusco

A Última Ceia. Detalhe para o "cuy" no lugar do pão e a "chicha" (bebida local) no lugar do vinho
Mas a igreja dos jesuítas – Compañia de Jesús - foi a que achei mais bonita. Toda em ouro, ao entrar é daquelas que nos deixa de boca aberta.


Igreja Compañia de Jesus

Deixei Cusco com aquele gostinho de “quero mais”. Quem sabe....











Pra quem pretende ir:
Se você está pensando em ir a Cusco, prepare-se para o mercado turístico que encontrará por lá. TUDO é explorado e pago. E caro! Prepare-se também pra ter saco de procurar pelos melhores preços, pois eles variam muito dependendo da sua capacidade de pechinchar.
A boa notícia é que os serviços oferecidos são todos de ótima qualidade e você não precisa ter medo de estar comprando gato por lebre. A não ser, claro, que seu 6º sentido pisque com algo com cheiro de picareta. Eu não corri esse risco e apesar de ter feito passeios com umas 4 agências diferentes, elas sempre estavam na hora e no local marcados e com bons guias
Hotel: ficamos em um hotel que até tem bons quartos, é tranqüilo e tem um bom preço, mas não indico devido à localização: é preciso subir algumas ladeiras. Portanto, quem for a Cusco, procure um hotel onde um táxi (que é baratíssimo) tenha acesso, pois depois de passar o dia pra lá e pra cá a 3400m altitude, voltar pro hotel pra relaxar e ter que encarar ladeira bufando, ninguém merece.
Preço dos passeios:
Boleto Turístico que inclui as entradas nos parques arqueológicos do City Tour, do Vale Sagrado, o show no teatro de dança peruana e a entrada para alguns museus: 130 soles (em torno de U$ 48)
City Tour: 15 soles ((+ ou – U$ 5)
Vale Sagrado: 30 soles (+ ou – U$ 10) + 20 soles do almoço (opcional)
Machu Picchu:
              Trem – o vagão mais barato fica por U$ 150 ida/volta
              Agência – inclui o transfer (ida/volta) de Cusco pra estação de trem, o ônibus (ida/volta) de Águas Calientes pra MP, a entrada em MP e o guia – U$ 95 (isso ainda pode ser pechinchado).
          Pra quem quiser fazer a trilha inca: http://m.machupicchu.gob.pe

Sites interessantes:






7 comentários:

Anônimo disse...

Jóia! Adorei as fotos e com certeza iremos conhecer tb.

Bjs, Leila e Vladimir.

Anônimo disse...

Lia,
Adorei o post! Além de corredora você daria uma ótima guia turística :)
As fotos estão ótimas tb.
Parabéns!
Bjs
Teka

Anônimo disse...

Lia,
Adorei o que vc postou no blog sobre o Peru. Dicas maravilhosas.
Bjs
Sandrinha

Marcelo Campos disse...

Hummmmm que saudade de quando fui Pra Machu Pichu em 2001. Vou lhe dizer que a chegada naquela cidade perdida depois de 3 dias caminhando foi algo que nunca vou me esquecer. Tinha uma névoa espessa as 5 da manha, mas que logo se dissipou quando o sol esquentou mostrando a cidade. Cisco pra mim tb foi muito especial, nao era tão agitada naquela época, menos gente. Acho que nunca devemos demorar pra conhecer os lugares, porque no futuro sempre vai ter mais gente viajando e estragando esses lugares especiais.

Beijão grande

Bell Simões disse...

Lia,

Excelente abordagem, lindas fotos, Parabens!!! Estou me organizando para fazer esse passeio, incluindo uma boa e longa caminhada.

OBS: Pergunto: Por acaso voce é a Lia que morou (mora) em Fortaleza, quase esquina com a Av. Rui Barbosa??

Correndo o Mundo disse...

Oi Bell.

Sou eu sim! Lembro de vc. Também morava lá perto, né?
Esse passeio é inesquecível e vc com certeza amará.
Qualquer dúvida, conte comigo.
Bj
Lia

Anienne Nascimento disse...

Gratidão! Adorei todas as dicas! Irei com certeza!!!