sábado, 26 de novembro de 2011

A PROVA DE CURITIBA (22/11/2009)- A primeira maratona a gente nunca esquece

“Abaixo, um artigo da agora maratonista Lia Campos relatando como se sentiu após sua primeira prova de 42 quilômetros. O texto mostra várias sensações comuns para quem se aventura nesse tipo de loucura. Se você pretende correr uma maratona, leia isso.”



 “Estou andando toda torta, musculatura toda dolorida, mas muito, MUITO feliz e realizada. Completei minha primeira maratona!
Do início: para infelicidade dos corredores, o domingo amanheceu, diferentemente do dia anterior que foi nublado, com céu azul, sem nuvens. Mas, devido a um ventinho frio, não estava calor. Pelo menos pra uma cearense friorenta…


                                        Antes da largada



Cheguei às 7 horas no Centro Cívico (Curitiba), local da largada/chegada. Tudo tranqüilo, várias tendas de assessorias e algumas tendas vendendo artigos para corrida. Depois do Hino Nacional, deu-se a largada feminina. Pontualmente às 7:30h. A largada masculina foi às 8 horas. E lá fui eu, ao som do Fagner no meu mp3.
O percurso é realmente o que falam: difícil, muitas, várias subidas e descidas. Mas nenhuma como a “assassina” Brigadeiro (São Silvestre-SP). Ainda bem! E também muito sombreado, o que aliviou o calor. A organização é impecável. Realmente deve ser a maratona mais organizada do país. A sinalização de quilometragem era a cada km. No chão e em placas. Escoteiros (quase todos crianças), oferecendo água em vários postos, com garis já a postos para recolher os copos jogados no chão. Dois postos com isotônico, dois com esponja molhada e um com banana.
Trânsito super organizado por vários guardas durante todo o trajeto, além do pessoal da maratona. Público presente, torcendo. Tudo perfeito.
 Até uma banda de música tinha no 13º km. Quando eu passei estavam tocando “Trem das Onze”. Tudo perfeito, menos as ladeiras…. Do 13º pro 14º km foi uma subida só. Acho que meu “muro” começou a surgir daí. “O que é mesmo que eu estou fazendo aqui???”. Mas continuei. Meu objetivo não era tempo. Nunca corri pra tempo. Meu objetivo era terminar bem, inteira. Tanto pra não sofrer lesões quanto pela consciência que ainda teria uma semana de passeio com meus filhos. Tinha que terminar bem. Por isso, andava nas subidas pra não me desgastar, nas descidas colocava no ponto morto e nos planos corria me arrastando.
Passei os 21km! Faltava só a metade…. No km 35 aí sim, o tal do “muro” cresceu e, não surgiu o urso nas minhas costas como costumo ouvir não, surgiu foi uma manada inteira de elefantes! Cheguei a pensar em desistir ou, no máximo, que dali pra frente seguiria andando. Muito cansaço. Aí é que veio a vontade de terminar a prova, a garra, a crença de que eu era capaz, a determinação e, acima de tudo, a certeza de que meus filhos estariam me esperando na chegada. Como as pernas e os pulmões não respondiam mais, foi a cabeça e o coração que me levaram.
No km 38 o tempo fechou. Começou um vendaval (sorte que era a favor da gente. Se fosse contra eu teria ficado no chão de vez) e caiu uma chuva fria. De tão cansada, nessa hora eu tinha duas alternativas: ou andava e morria congelada ou corria e morria do mesmo jeito… Optei pela 2ª.. Decidi correr! Não desistiria.
Pensei nos meninos me esperando. E chegou a placa dos 40km, a dos 41km. Meu Deus! Não é que eu ia conseguir?! Não é que eu estava chegando?! Me aproximei da chegada. Vi meus filhos. Com uma mão agarrei a Lara, com outra o Bruno. Ana pendurou-se no meu pescoço. E foi assim que passei pelo tapete da chegada. Nós 4. Só felicidade. Eu tinha conseguido! 42.195km (4:53 horas)!!! Nem acreditava!


   Exato momento da chegada


Peguei minha medalha, liguei pra minha mãe pra tranqüilizá-la e dizer que estava viva, peguei o lanche oferecido e fui embora, me sentindo a própria maratonista. Terminei como sonhei: nenhuma lesão, nenhuma cãibra, nenhuma “ite”. Dolorida? Claro, normal, mas inteira pra minha semana de passeio e pra próxima corrida! Agradeço a todos que torceram por mim, me deram força: meus pais, filhos, irmãos, familiares, amigos e treinadores (Elton Rocha e Paulo Lado).
Valeu pessoal!”





2 comentários:

Wilkie disse...

Emocionante! A tua cara...

Anônimo disse...

a próxima vai ser tb inesquecível, Bruno estará do seu lado.
Lúcia