domingo, 1 de julho de 2012

Arequipa


Eu estava com muito receio do estado do ônibus e da estrada em que faríamos a viagem de aproximadamente 400km, de Puno para Arequipa, em um percurso ladeira abaixo, provavelmente perigoso.
Mas o ônibus leito tinha boas cadeiras, eu estava cansada, era de noite, não vi a estrada, portanto não tive medo e seja o que Deus quiser!
E até deu pra dormir durante as 5 horas que durou a viagem.
Chegamos em Arequipa ainda escuro e ficamos na movimentada rodoviária tomando café da manhã até que finalmente clareou e fomos para nosso hotel, que já estava reservado.
A Casa de Tintin, nosso B&B, é bem agradável, quarto legal, pessoal super atencioso e simpático, localizado em um bairro residencial da cidade e, o melhor de tudo, ao lado do rio Chili e de frente pro majestoso vulcão Misti (5822m), a maior atração de Arequipa, também conhecida como a “cidade branca” ou a “cidade do céu sempre azul”, que teria sido fundada em 1540 pelo explorador espanhol Francisco Pizarro, no local de uma antiga cidade inca.


Rio Chili

 
A 2300 metros de altitude Arequipa é rodeada por várias montanhas dos Andes e é uma cidade grande. A 2ª. maior do Peru. 


Vulcão Misti
Logo depois que nos instalamos, fomos caminhando até o centro da cidade. Era domingo e o centro estava movimentado em razão de um desfile que teria. Não ficamos para o desfile, pois preferimos pegar um city tour que nos levou por poucas horas para conhecermos dois locais com mirantes (Yanauhara e o MIrante de Carmen Alto)  e uma loja de fábrica de roupas de alpacas (“imãs” da lhama).


Alpaca
Tour interessante, mas que poderia perfeitamente ter sido feito de taxi, pois teríamos mais tempo nos locais.


Mirante de Carmen Alto
Centro de Arequipa
O Peru é considerado "capital" gastronômica da América Latina. Uma grande variedade de sabores que ao longo da viagem eu ia descobrindo, mas as duas tentativas de ir a um restaurante mais “badalado” em Lima foram frustradas. Sem problema, porque no roteiro já estava programado para irmos em Arequipa ao “Chicha” do chef Gastón Acurio, onde finalmente provei o famoso ceviche peruano (peixe, camarão, lagosta, polvo crus em suco de fruta cítrica). O prato era bonito, mas ainda preferi o tacu tacu e o cuy...


Ceviche
No dia seguinte fomos conhecer as duas grandes atrações da cidade, começando pelo “Museo Santuarios Andinos” que é todo voltado para sua principal atração: Juanita. Juanita era uma menina inca com seus 12/13 anos que, por volta do ano de 1450, foi levada da cidade de Cusco para Arequipa, em uma viagem de 500km e, a mais de 6000 metros de altitude, no Monte Ampato, foi morta em oferenda aos deuses.
Ela foi então sepultada no local e seu corpo totalmente preservado devido às baixas temperaturas, até que em 1995 uma tempestade de neve a desenterrou e Juanita foi encontrada por um antropologista que estava na região fazendo pesquisas. Depois dela, mais 3 crianças foram encontradas na mesma montanha, todas da mesma época e nas mesmas condições, mas Juanita é a melhor preservada.
No museu, ela fica em uma sala com poucas luzes, dentro de uma câmara de vidro a uma temperatura baixíssima e só é exposta ao público durante os meses de abril a janeiro. Nos outros meses ela é recolhida para estudos e os corpos dos outros pequenos incas são colocados no seu lugar. Tivemos sorte de poder vê-la e realmente é impressionante o estado de conservação, apesar dela estar vestida. Gostei de toda a história muito bem explicada pelo guia e adorei o museu.

Juanita

Outra atração em Arequipa é o Monastério de Santa Catalina. 
Construído em 1580, abrigava cerca de 180 freiras. Hoje, apenas 20 freiras vivem em claustro numa área isolada. O Monastério é quase uma pequena cidade, com as antigas celas das freiras abertas para visitação.




Arequipa também recebe turistas para vários passeios nos seus arredores. São passeios de bicicleta, rafting e trekking nos seus vales e montanhas. O mais conhecido é o do Canion Del Colca.
Esse passeio pode ser feito em 2 ou 3 dias, mas existe também o de um dia só, que foi o que tínhamos tempo para fazer.
As agências recolhem os turistas às 3 horas da manhã nos hotéis e partimos no escuro e no frio. Depois de 2 horas de estrada, já ao amanhecer, paramos no posto de entrada do Canion para pagar os ingressos: 70 para turistas estrangeiros e  40 para turistas do mercosul. 
O passeio para em uma localidade para tomarmos café da manhã, na pequena cidade de Yanque para vermos a igrejinha e depois no Canion, que é considerado um dos maiores do mundo, com até 3.400m de profundidade e cuja maior atração é a presença do condor, ave símbolo do Peru.
Todos os ônibus turísticos param então no Mirador Cruz para apreciarmos o cânion e ver os condores, que vez por outra passam bem longe, voando.


O Canion

Todos esperando o condor

E ele passa beeem longe
Melhor pagar pra tirar a foto, mesmo que seja com uma águia...
Saindo do canion, vamos à cidade de Chivay para almoçar e fazer a digestão andando por suas pequenas ruas.


Ponto de taxi em Chivay
O tour é legal, muita paisagem bonita, mas cansativo. Muito tempo de estrada em ônibus e no calor. 

A chegada de volta à cidade é em torno de 5 horas da tarde, o que ainda nos deu tempo para sentar em um barzinho em torno da movimentada Praça de Armas, comer “rocoto relleno”, prato típico da região (pimentão recheado com carne, batata, queijo), empanadas e provarmos uma cerveja de coca (horrível!).



Rocoto Relleno

Catedral

Valeu, Arequipa! Principalmente pelo inesquecível e maravilhoso treino que fiz pelas ruas do bairro onde estava, sempre mirando o majestoso Misti.


A foto é só pra matar a saudade. Essa história já foi contada alguns posts abaixo...

Hora de enfrentar mais uma viagem de ônibus para o próximo destino: Huacachina.




Pra quem pretende ir:
Ônibus de Puno para Arequipa:  Julsa Bus – 30 soles por pessoa
Hotel em Arequipa: Casa de Tintin
City Tour: 30 soles por pessoa (pagamos caro. Não pechinchamos)
Passeio para o Canion Del Colca: U$ 21 por pessoa

Um comentário:

Wilkie Martins disse...

Legal, Lia.
Li como se estivesse ouvindo "El Condor Passa..."